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Resumo:A produção de soja do Brasil em 2020/21 deverá dar um salto para um recorde de mais de 130 milhões de toneladas, com bons preços impulsionando agricultores a aumentar o plantio em áreas de pastagens
Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A produção de soja do Brasil em 2020/21 deverá dar um salto para um recorde de mais de 130 milhões de toneladas, com bons preços impulsionando agricultores a aumentar o plantio em áreas de pastagens e também pela expectativa de uma recuperação de produtividades, após uma seca reduzir a safra no Sul do país em 2019/20, de acordo com uma pesquisa da Reuters.
A sondagem, realizada com oito especialistas, indica que o Brasil, maior produtor e exportador global de soja, poderá aumentar a safra em cerca de 8% na comparação com as 120,9 milhões de toneladas projetadas pelo governo no ciclo anterior.
O crescimento de quase 3% na área plantada, para o inédito patamar de 38 milhões de hectares, será impulsionado por margens de lucro elevadas, com o impulso do câmbio, que permitiu aceleradas vendas antecipadas pelos produtores, conforme os analistas.
“Quase 50% da safra de soja já foi comercializada, um ritmo recorde, isso mostra a tendência de crescimento de área”, disse o presidente da associação de produtores Aprosoja Brasil, Bartolomeu Braz Pereira, à Reuters.
“Vendo que dá renda, que dá margem comprando os seus insumos, ele (produtor) também busca aumentar em áreas de pastagem”, frisou o líder da Aprosoja, que acredita em um crescimento de ao menos 2% na área plantada.
Braz, um notório defensor do direito do produtor de abrir áreas dentro dos limites impostos pela lei para o desflorestamento em propriedades rurais, afirmou que o setor deverá optar, em geral, pelo plantio em áreas já abertas no passado, até pelo custo menor de se usar uma terra já desmatada.
Segundo ele, o plantio deve avançar na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), no sul do Pará e mesmo em algumas áreas do Centro-Oeste.
Para a consultoria privada Céleres, o cultivo de soja do Brasil deve aumentar em 1,3 milhão de hectares na comparação com a temporada anterior, com produtores impulsionados por margens operacionais recordes de 2,78 mil reais/ha, ante 1,47 mil reais/ha na temporada anterior.
Os patamares de preços estão historicamente elevados em reais, com a ajuda do câmbio, mas também devido a exportações fortes no primeiro semestre, o que levou a associação da indústria Abiove a apontar estoques finais de soja em 2020 nos menores níveis da história.
Para a empresa de análises Arc Mercosul, que tem a maior estimativa de área plantada entre os consultados, de 38,43 milhões de hectares, o aumento de uma safra para outra será de 3,8%, o maior em seis anos, com ofertas de preço pela safra futura de 20% a 30% superiores na comparação anual.
A Cogo Inteligência em Agronegócio, que tem a maior projeção de produção para 2020/21, de 133,3 milhões de toneladas, avalia que, considerada a tendência de neutralidade climática e a não caracterização de um fenômeno La Niña, o cenário climático é favorável para a próxima safra de verão 2020/2021 nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste (Matopiba).
“O plantio da temporada de verão 2020/2021 não deverá atrasar no Brasil.... As chuvas retornam gradualmente entre outubro e novembro deste ano”, disse Carlos Cogo em relatório.
A avaliação vai na direção da análise do agrometeorologista Marco Antonio dos Santos, que disse que, se tudo correr conforme esperado, o produtor de Mato Grosso poderá iniciar a colheita no final de dezembro, uma oferta muito bem-vinda em tempos de estoques baixos.
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